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os 10 posts mais lidos (esta semana) seguidos dos posts mais recentes (26 Outubro 2016):

Apr 30, 2011

...VIAGEM (poema de Miguel Torga)

Viagem
Poema de Miguel Torga


Aparelhei o barco da ilusão
E reforcei a fé de marinheiro.
Era longe o meu sonho, e traiçoeiro
O mar...
(Só nos é concedida
Esta vida
Que temos;
E é nela que é preciso
Procurar
O velho paraíso
Que perdemos).
Prestes, larguei a vela
E disse adeus ao cais, à paz tolhida.
Desmedida,
A revolta imensidão
Transforma dia a dia a embarcação
Numa errante e alada sepultura...
Mas corto as ondas sem desanimar.
Em qualquer aventura,
O que importa é partir, não é chegar.


fotografia flickr cc (aqui)

Apr 29, 2011

..."voz interna, anorexia e violência doméstica" (investigação)


Foi publicado recentemente este artigo cujo resumo transcrevemos abaixo:
“Aprisionadas numa relação envenenada: comparação das perspectivas de mulheres com anorexia nervosa e mulheres vítimas de violência doméstica” (artigo de investigação)


Trapped in a toxic relationship: comparing the views of women living with anorexia nervosa to those experiencing domestic violence , Journal of Gender Studies, Volume 20, Issue 1, 2011, Pages 31 -41. Authors: Stephanie Tierneya; John R. E. Foxbc [ show biographies ]
http://www.informaworld.com/smpp/content~db=all~content=a935703182
DOI: 10.1080/09589236.2011.542018

Resumo

"As pessoas que vivem com anorexia nervosa (AN), muitas dizem ouvir voz interior que domina o seu pensamento e comportamento, e as impede de progredir no sentido da recuperação. Tem sido realizada pouca investigação em relação a este aspecto. Foi realizado um estudo qualitativo para explorar as experiências de vida das pessoas com uma voz interior "anoréxica". Os dados foram recolhidos sob a forma de reflexões escritas por pessoas com anorexia. Foi efectuada uma análise qualitativa […] Poemas, cartas, reflexões e pensamentos foram recolhidos junto de 21 mulheres com anorexia nervosa AN. Um dos temas fundamentais que ressaltou desses dados foi uma relação de dependência envenenada com essa voz interior. Esta ideia foi explorada por analisar e comparar esses textos com pesquisas que investigam as perspectivas das mulheres vítimas de violência doméstica; a análise revelou existirem aspectos comuns nos dois grupos. Uma nova maneira de abordar o problema da anorexia é destacada no artigo, alguém que está doente com anorexia pode estar aprisionada num relacionamento de dependência. Estes resultados possuem implicações para a prática clínica e para futuras pesquisas. "

Apr 28, 2011

..."o que importa mesmo é que eu consegui vencer a DOENÇA" (testemunho)

Partilho convosco este testemunho de B.

"* este seguinte é mais um testemunho, escrevi depois de vencer

Senti que já não me conhecia, estava tão obssecada por aquela minha nova "amiga", não a deixava quer para onde fosse..

Talvez mesmo que a tentasse deixar não conseguiria, não tinha forças para a deixar, naquele momento NÃO! Afinal "ela" fazia-me sentir "feliz", estava cada vez mais magra e mesmo assim não dava conta.

Olhava-me milhares de vezes ao espelho e todos os dias via aquilo que mais ninguém conseguia ver, pensava que me diziam que não estava gorda para me sentir melhor e começar a comer, sim porque eu não sabia mais o que era comer. Perdi a fome (como se pode perder a fome?) , acho que nunca perdi a fome, mas sempre tentei parar de ter vontade de comer. Na escola recusava-me a comer fosse o que fosse, e aí as mentiras começaram a fazer parte da minha vida, pois de todas as vezes que me perguntavam se já tinha comido dizia que sim (MENTIRA!) estava em jejum até ao jantar (um dia inteiro praticamente) .

Todos os dias eram diferentes, quando somos levados por "ela" somos duas pessoas num corpo só, eu não fui excepção! Tinha dias em que apenas comia gomas e gelatina, não conseguia resistir aos doces, era mais forte do que eu :S e depois de "atacar" aquele comida culpava-me por o ter feito.. Aí , aí eu prometia a mim mesma que não ia comer mais nada até adormecer, tinha cometido um "pecado" e tinha que pagar pelo que tinha feito, dava muitas vezes comigo a pensar "aquilo engorda! porquê que comes-te? agora vais ter que comer menos!" ..

Comer ainda menos? No meu caso era não comer, cheguei aos meus poucos 37kg em menos de NADA, estava com sensivelmente menos 10kg do peso ideal. Foi aí que para desespero daqueles que me amam fui internada no inicio de uma "anorexia nervosa" aí foi como o mundo se desaba-se sobre mim e me deixasse sem qualquer possibilidade de reagir, foi um choque nem tanto pela doença, eu lá no fundo sabia que o que eu fazia estava errado, mas "ELA" tomava conta de mim todos os dias mais um pouco..

Foi o desespero dos meus pais que me trouxe à realidade, reagi, estava a chorar .. desesperada com medo de não conseguir lutar. Eu tinha que lutar! ( Ainda me lembro quando me pesaram nas urgências do hospital, o rosto das duas enfermeiras mudou completamente de expressão e eu olhei para a balança .. eram os 37kg que as tinham chocado :s ) .

Bem, a partir do meu internamento só pensava na recuperação talvez nem era tanto por mim, mas sim pelos meus pais e pelo meu irmão. Eles tinham me avisado, tantas vezes me disseram que estava a percorrer o caminho errado e eu não os queria ouvir e naquele momento um turbilhão de sentimentos invadiu-me, eu estava a correr contra o tempo, estava fraca tanto fisicamente como psicologicamente e teria que me agarrar à vida de qualquer maneira!

Nos primeiros dias de internamento pedi à minha mãe para me trazer comida (dentro de mim havia uma constante guerra psicológica) até que eu decidi esquecer tudo, tudo o que me tinha levado àquele sitio.. Podia não ser a melhor maneira de lutar, mas para mim era a única maneira e tinha de tentar (sabia que não ia esquecer definitivamente e que a minha doença, sim porque ANOREXIA é DOENÇA, ia ter um fim no meu corpo mas NUNCA na minha mente) e foi aí que VENCI :D !

Hoje penso em tudo o que me levou àquele estado e ainda não descobri exactamente o motivo, mas não me importa qual foi, o que importa mesmo é que eu consegui vencer a DOENÇA e hoje estou bem ."

fotografia de Paulete Matos

Apr 26, 2011

...Reunião da AFAAB REUNIÃO DE FAMILIARES E AMIGOS (dia 29, Poto HSJ 21:30)

REUNIÃO DE FAMILIARES E AMIGOS NO PORTO
2011-04-29 - Auditório do Serviço de Psiquiatris do HS João no Porto pelas 21H30

Imagem flickr cc (aqui)

Apr 23, 2011

...dia mundial do livro

Bibliotecas, Livrarias, Alfarrabistas, Internet...vivam os livros! Todos os dias!

..."Resumindo, o que eu ganhei foi uma vida. A minha vida de volta. " (Testemunho)


Recebi esta mensagem de uma ´guerreira' que transcrevo com muito gosto. É de alguém que escreve com o coração.

"Inspirada pelo post anterior decidi escrever também sobre o que é que eu ganhei desde que me tornei uma mulher saudável, livre da anorexia:

- posso aproveitar melhor o meu tempo, ler um livro, ir ao cinema, ver séries em casa, etc, já que não tenho a obrigação de me exercitar por horas e horas diariamente

- posso dormir até tarde já que não tenho alguem a acordar-me às quatro da manhã com pensamentos horriveis só por eu estar descansada a dormir

- posso sentir-me pela primeira vez uma mulher

- posso ter filhos!

- posso sair à rua com um casaco de malha nos dias mais frescos porque a minha temperatura corporal permite-me manter quente

- posso comprar pão acabado de cozer numa padaria para o lanche

- posso sentir-me orgulhosa de mim pelos motivos certos: ter lutado e vencido a anorexia!

- posso ir dormir a casa das minhas amigas sem me preocupar com o que vou comer fora de casa

- posso apreciar toda a independencia que ganhei desde que fiquei boa: a confiança dos meus pais em mim, a felicidade nos olhos da família nos jantares de Natal quando eu como mais que a salada

- posso finalmente comer uma fatia do meu bolo de anos no meu aniversário!

- posso experimentar comidas de outras pessoas e dar-lhes a provar a minha! Antes, com a anorexia, o meu controlo era tão grande que nunca me passava sequer pela cabeça experimentar a comida da colega ou do amigo que estava comigo à mesa em determinada refeição! Muito menos dár-lhe a provar da minha..ficava com uma raiva enorme porque por vezes estava a tentar ao máximo enganar o estômago com umas rodelas de tomate e quando me pediam "um bocadinho" parecia ter perdido o controlo todo.

- Hoje em dia, mesmo quando não tenho fome, se passo na cozinha e vejo alguma coisa que me chame à atenção consigo come-la sem culpa. Antes, comer sem apetite estava totalmente fora de questão! Se já comer com apetite era penoso, quanto mais outra forma qualquer. Agora sentir o sabor da comida na minha boca por si só chega e vale muito a pena.

- Arranjei um namorado incrivel, que todos os dias me relembra o quanto me adora a mim e ao meu corpo e o quão atraente me acha, e o quão interessante me acha..Durante quatro anos de anorexia nunca isto teria sido possivel. Ainda que o meu namorado tenha sido o ingrediente principal para a cura, nunnca antes tinha conseguido cativar a atenção de um homem. Não só pelo meu aspecto débil mas também pelo desinteresse que mantive durante tanto tempo em tudo o que não tivesse a ver com peso/calorias(comida.

- Posso continuar a ter uma alimentação saudável sem oscilações de peso. Ora, como explicar isto..antes, devido à restrição que eu fazia ser tão dura e tão excessiva, sempre que tinha as chamadas "compulsões" o corpo ressentia-se, o peso ressentia-se, enfim, era o meu organismo a implorar por sobrevivência. Hoje em dia sair da rotina, cometer um pecado aqui ou ali, comer mais um bocadinho do que o que "deve ser" não altera em nada o meu peso. Nada. Aliás, às vezes, quando como mais no dia seguinte acontece estar umas gramas mais magra devido à aceleração provocada na minha taxa metabólica.

- Não perco tempo a contar calorias. Isto foi uma vitória enorme. Apesar de saber que no geral me mantenho sempre na faixa das 1800/2200 eu não as conto. Sei que é assim por ser bastante improvavell (digo mesmo impossivel) esquecer todas as tabelas caloricas que já vi na minha vida. E por isso tenho sempre alguma noção..ainda assim nada me sabe melhor do que comer a minha posta de salmão sem a pesar.

- ganhei uma pele mais bonita! Antes tinha uma pele tão seca que fazia impressão..nenhum creme me resolvia o problema. Hoje em dia não uso cremes. A minha pele está incrivel.

- O meu cabelo está quase tão forte como era antes da anorexia. Por sorte, sempre tive um cabelo forte e grosso mas só eu sei a tristeza nos olhos da minha mãe quando me penteava o cabelo a seguir ao banho..e quantas vezes me lembro de pentea-lo no autocarro à ida para a universidade e de toda a gente - toda a gente mesmo - ficar a olhar para mim devido à quantidade absurda de cabelos que me saiam pelas mãos.

- Ganhei um novo respeito pela comida. Sempre tive uma relação de amor/ódio com ela..controlava-a e desejava-a mas ao mesmo tempo repugnava-a. Culpei a comida por todos os meus problemas. Cheguei a desejar que não houvesse comida no mundo. Deitei caixas e caixas de comida fora /yogurtes, barritas, cereais, etc) que fingia ter comido para os meus pais não se preocuparem e acharem que estava tudo bem. Hoje, ainda que esteja completamente cheia, o meu prato fica limpo. Não deixo um grão de arroz.

- Acima de tudo: um novo respeito pelo meu corpo. Há partes em mim que ainda não gosto? Que talvez nunca venha a gostar? Há de certeza. Mas eu não posso muda-las e a unica coisa que tenho a fazer é aceita-las. Entretanto, todas as outras me fascinam. A minha estrututra alta, os meus braços, o meu peito tão elegante, as minhas curvas tão femininas.

- entre muitos outros :)

Resumindo, o que eu ganhei foi uma vida. A minha vida de volta. "

Apr 22, 2011

...a recuperação (testemunho)

Um dos leitores do blogue ED bites enviou a lista abaixo que a autora publicou (original em inglês aqui)

20 RAZÕES PORQUE A RECUPERAÇÃO É FANTÁSTICA
1. A cada novo dia, pareço-me cada vez menos com uma esquelética doente.
2. O meu rabiosque está de volta! E é sexy!
3. Há mais de cabelo na minha cabeça do que na minha escova de cabelo / ralo do chuveiro.
4. Sinto-me parte do mundo e não fluctuando acima dele como uma sombra. Sinto os meus pés no chão e o vento no meu cabelo, e meus sentidos estão despertos.
5. A minha pele e as minhas mãos não estão secas e não preciso por cremes.
6. Quando acordo, os meus primeiros pensamentos não são sobre comida!
7. Como feminista, já não me sinto culpada sobre pressão cultural sobre as compras que me diz que meu valor depende do meu tamanho.
8. Recomecei a comer tudo o que me dá na gana (bem, dentro de certos limites...)!
9. Fazer um pedido da ementa é emocionante e não me cria ansiedade.
10. A temperatura do meu corpo está mais alta pois o metabolismo voltou a funcionar. Não tenho mais arrepios e camadas de agasalhos!
11. Consigo compartilhar momentos significativos com pessoas de quem gosto, seja ao jantar, nas compras, ou outra coisa qualquer, sem questões de comida a atrapalhar.
12. Energia! Sem litros de cafeína!
13. Pela minha experiência, parece que o peso corporal e senso de humor estão correlacionados positivamente. Alguém deve realmente realizar um estudo sobre isso ... Pensa nisso.
14. Melhorei a função hormonal => A puberdade (Round Two) => Giddy como uma estudante que tem a mente ‘atrevida’ de um jovem. E sim, isso é uma coisa boa.
15. O meu cérebro pode CONCENTRAR-SE e ANALISAR e CRIAR novamente. Sentirmo-nos inteligentes e produtivas é um grande impulso na auto-estima!
16. Dizendo SIM para a comida é também dizer SIM a tudo o que é delicioso na vida.
17. Ser uma "santa alimentar” (ou seja, ter uma dieta composta apenas de alimentos “saudáveis” e de baixas calorias) é uma m…. chata e deprimente. Ninguém quer sair com uma santa.
18. Agora gosto de sair e festejar e sinto-me alegre. "Outra bebida? Ah, porque não ... nem sou eu que pago "(comentário do esqueciaana: em relação a este ponto tenho algumas reservas, mas…estou a publicar na integra o texto)
19. Cabo dentro dos tamanhos de roupas vendidas na maioria das grandes lojas, e sinto-me solta em vez de espartilhada. (comentário do esqueciaana: penso que a autora se estará a referir ao contexto norte americano)
20. Aprendi que a vida não é a preto e branco, bom ou mau, maravilhoso ou terrível, e que existirem zonas cinzentas é normal, saudável, e até mesmo - ouso dizê-lo?- emocionante!


Apr 21, 2011

..."Perdi bem mais do que quilos..." (testemunho)

Recebi como comentário o testemunho que abaixo transcrevo:(os bolds são do esqueciaana)

Deixei a minha vida quando me agarrei aos números rodeavam a minha mente. Deixei a porta fechada para todos os que me tentavam ajudar, e escondi-me por detrás de um mundo que só a mim me pertencia. Ninguém tem que sofrer por mim!
O espelho não retribuía a imagem que eu desejava. Ria-se de mim, e eu convencida de que um dia veria, tudo o que sempre quis reflectido no vidro. A luta contra mim, é sempre maior do que a luta travada como mundo exterior!
Deixei de comer porque o meu treinador me pediu apenas para perder dois quilos, afinal a competição de andebol estava a começar.
Dois quilos foram dez, que passaram a 20, e perdi 26 quilos. O pouco que comia, vomitava, o meu corpo não suportava a comida! Como se não bastasse, nunca dispensei o exercício físico.
De 62 kg, e 1, 74m de altura, passei a pesar 36 kg!

Perdi bem mais do que quilos. Perdi amigos, namorado, a confiança dos meus pais, perdi os estudos!

A família entrou em dificuldades para me ajudar. Oceanos de dinheiro perderam-se em oito anos. De Anorexia, passei a praticar Bulimia, escondida dos pais, com esquemas que vocês não imaginam.

O que mais custou?

Ver, ouvir, sentir a minha mãe a fazer os impossíveis para me agradar na comida. Eu a passar pela mesa, trancar-me no quarto sem a olhar de frente. Quantas não eram as vezes em que me doía o coração só de a ouvir a chorar à mesa.

Quando comecei a tentar comer, o corpo rejeitava. Todo o esforço que a minha mãe tinha para me agradar, era em vão.
Hoje escondo a bulimia que resta, mas recuperei muito do que perdi. Tenho o peso normalizado, e vivo a minha vida melhor do que antigamente, mas sempre oculta atrás do medo do passado.

Adormeço todos os dias a pedir que tenha terminado. Peço por mim, por todos os que me amam e se esforçaram para eu ganhar a guerra.

Perdida neste mundo tão nosso, desfaço lágrimas para construir diamantes. Um dia verei uma enorme riqueza reflectida em mim.
O amor-próprio.

História de Vida de "Renata" - Nome ficticio

...5 livros = 5 euros sobre Alimentação Saudável ( autora: Dra. Isabel do Carmo)

Está disponível nas bancas uma série de 5 livros (a um euro cada um) sobre alimentação saudável. Foram escritos pela Dra. Isabel do Carmo (no esqueciaana  referimos a Dra Isabel do Carmo em anteriores posts. Por exemplo aqui, aqui e aqui ).
A colecção dos 5 livros foi concebida com recurso a obras anteriores da mesma autora: Alimentação Saudável, Alimentação Segura; Alimentos e Mitos que nos engordam; 222 Perguntas e Respostas; Saber Emagrecer (Editado pelos Livros d'Hoje).
Do último livro da colecção ( 5. Perguntas e respostas para emagrecer e manter o peso ideal) algumas perguntas retiradas relativamente ao acaso:
  • O que é preferível: açucar, açucar escuro (amarelo) adoçante ou frutose? (p.37)
  • É verdade que passar muitas horas sem comer engorda? (p.57)
  • O que é o regime iô-iô? (p.77)
  • Fala-se também nas pessoas, sobretudo mulheres, que estão sempre a fazer restrição alimentar. São essas as restritivas ou, em língua inglesa, dieters? (p.77)
  • Perder muitos quilos em pouco tempo traz problemas de saúde no futuro? (p.85)
  • Emagrecer muito de repente pode causar problemas de fertilidade? (p.86)
  • Há pessoas que conseguem perder bastante peso rapidamente, mas depois se sentem fracas e com menos capacidade de trabalho. Como contrariar isso? (p.100)
  • Algumas pessoas comem e nunca se sentem saciadas, terminando as refeições com sensação de fome. Porque sucede? (p.107)
  • Porque é que o meu peso às vezes varia um quilo ou dois de um dia para o outro? (p.115)
  • Como é que pessoas com a mesma estatura e aspecto físico podem ter às vezes pesos tão diferentes? (p.134)

Apr 14, 2011

..."15% dos jovens portugueses magoam-se de propósito" 5050 adolescentes inquiridos (Público 14.04.2011)


(Posta actualizado em 19 de Janeiro 2012: no Programa da SIC Boa Tarde, a Conceição Lino entrevistou uma mãe que publicou um livro sobre um filho adolescente que se auto-mutilava ('dor física para esquecer dor de alma').
O Público dá hoje notícia num texto assinado por Catarina Gomes sobre os resultados obtidos para Portugal de um estudo que será brevemente divulgado e que é promovido pela organização Mundial da Saúde. Já antes notícámos um estudo similar (aqui)
"Estudo com 5050 adolescentes portugueses, com uma média de 14 anos, mostra que consumo de tabaco e do álcool está a descer e o de haxixe a aumentar.

É um fenómeno que tem sido detectado noutros países: há adolescentes que se magoam a si próprios com pequenos cortes, pequenas queimaduras. No estudo sobre adolescentes portugueses que hoje é apresentado em Lisboa fez-se a pergunta pela primeira vez e a resposta deixou a coordenadora do estudo "assustada": 15,6 por cento referem "ter-se magoado de propósito nos últimos 12 meses, mais do que uma vez" (este comportamento é conhecido como auto-mutilação). Em idas a congressos internacionais onde se falava destes comportamentos, Margarida Gaspar de Matos, a coordenadora do estudo português que é feito no âmbito da Organização Mundial de Saúde e em que participam mais 43 países, sempre achou que a realidade não afectaria Portugal da mesma forma. Mas, como sabia que era "um fenómeno geracional" em vários países, decidiu incluir perguntas sobre o tema no estudo dos comportamentos dos jovens em idade escolar, realizado no ano passado, e que já tinha sido feito em 1998, 2002 e 2006. Os resultados, admite, surpreenderam-na. São 15,6 por cento os adolescentes dos 6.º, 8.º e 10.º anos de escolaridade, com uma média de idades de 14 anos, que referem ter-se magoado de propósito nos últimos meses. Cerca de metade (52,9 por cento) disse tê-lo feito nos braços, 24,7 por cento nas pernas, 16,7 na barriga e 22,5 por cento noutros locais do corpo. A amostra é representativa desta população: foram inquiridos 5050 jovens.

"Magoam-se normalmente em sítios não visíveis", explica Margarida Gaspar de Matos, que dirige a equipa de investigadores da Faculdade de Motricidade Humana e Centro de Malária e Doenças Tropicais, em Lisboa. Trata-se de agressões autodirigidas que servem "como forma de auto-regulação emocional", sintoma "da dificuldade em gerir emoções". "São adolescentes que não conseguem lidar de outra forma com o facto de estarem tristes, irritados, desesperados", continua. Tentando compreender quem são estes miúdos, a equipa de investigadores constatou que os que fazem mal a si próprios são "uma minoria preocupante com vários comportamentos de risco": são quem mais fuma, bebe, consome drogas (nomeadamente cannabis), têm maior envolvimento em provocações, maior dificuldade em fazer amigos. Estes jovens ou acham-se muito gordos ou muito magros, sem que isto corresponda a um índice de massa corporal real. São ainda os que mais têm pais que pouco ou nada sabem sobre os seus amigos, o seu tempo livre e para onde saem à noite. Por fim, "são os que mais frequentemente dizem estar tristes e não aguentar...".Para a investigadora, "este é um comportamento que possivelmente tem vindo a aumentar sem que ninguém se tivesse apercebido". "Temos que estar atentos", diz, para ressalvar que, em países como Estados Unidos, Canadá e Finlândia, as prevalências andam entre os dez e os 15 por cento, não muito longe de Portugal.

O estudo, financiado pelo Alto Comissariado da Saúde e pela Coordenação Nacional para o VIH/Sida, defende que é preciso arranjar estratégias para ajudar estes jovens "a auto-regular-se do ponto de vista emocional sem recurso a "extras", quer virados para fora, como a violência, o consumo de substâncias, quer virados para dentro, como o magoar-se a si próprio, isolar-se, comer em demasia".Mas há várias boas notícias no estudo, sublinha Margarida Gaspar de Matos. Uma nota positiva é que se vem assistindo a um aumento crescente da escolaridade dos pais (que se situa no 2.º e 3.º ciclos) e outra é que "todos os miúdos têm computador e metade tem acesso à Internet em casa", o que coloca Portugal a par dos países europeus mais avançados nesta área.

O reverso da medalha deste último aspecto é o aumento do tempo pas- sado em frente ao ecrã - quer do com- putador, quer da televisão - e o conse_ quente sedentarismo e aumento de peso por falta de actividade física. Fazendo eco de muitos outros estudos que têm feito soar o alarme da obesi- dade infantil, os dados agora reco- lhidos confirmam a tendência: 18,8 por cento sofrem de excesso de peso ou obesidade. O consumo de tabaco e álcool continua a descer, mas o consumo de haxixe apresenta uma tendência de aumento, o que faz a coordenadora temer pelo "desinvestimento nas políticas de prevenção desta área".

E há dois dados que persistem nos vários estudos e em que Portugal tem dos piores indicadores da Europa: os jovens nacionais são dos que mais dizem sofrer de stress relacionado com os trabalhos de casa e são dos alunos que acham que os professores menos os acham capazes.

Muitos assistem a lutas no recreio e não fazem nada

Mais de metade dos adolescentes portugueses (59,4 por cento) referiram ter assistido a situações de provocação na escola, das quais cerca de metade ocorreu no recreio. Dos que dizem ter presenciado, cerca de dois terços referem não ter feito nada e terem-se afastado, 54,8 por cento não fizeram nada e ficaram a ver e houve mesmo 10,7 por cento que incentivaram o provocador. Para a coordenadora do estudo, esta "é uma forma de violência pela passividade, os que assistem e não fazem nada ou até incentivam". "São - resume - os espectadores". Também a Internet pode ocasionar novas formas de violência (ciberbullying), mas a grande maioria (84,1 por cento) não se envolveu neste tipo de provocações. Nos que o fizeram, o Messenger foi o meio mais usado, seguido das mensagens de telemóvel. Entre os que se viram envolvidos nestas situações, a grande maioria conseguiu ultrapassar o problema."

Apr 2, 2011

..."É possivel vencer a anorexia, é possivel e é tao bom" (testemunho de I. )

Transcrevo um testemunho recebido por email de I. e que transcrevo com muito gosto. Cruzei-me com ela por acaso na blogosfera já há algum tempo e numa fase complicada. Voltei a ter notícias (e muito boas!) há dias. Leiam e comentem (os bolds são do esqueciaana). Espero que gostem tanto como eu. Há alguma chave ou segredo  para sair da anorexia? Qual é? Onde está? Na minha opinião a única certeza para a encontrar é termos consciência de que estamos doentes...depois é uma caminhada única e intransmissível. Mas uma caminhada que vale a pena!

"Claro que podes =) eu acho que lá diz tudo mas há uma coisa que eu adorava dizer e não tive oportunidade que as entrevistas são so de 3/5 minutos..a par com todo o apoio que tive do meu namorado especialmente que me fez questão de relenbrar centenas de vezes por dia o quanto me achava bonita, o quanto me achava inteligente, o quanto gostava de mim gorda magra obesa esquelética, o quanto não se importava de nada em mim..desde que eu fosse feliz..houve uma coisa que me ajudou muito: eu passei a ler uns blogs de umas raparigas Americanas com disturbios alimentares MAS ou em corrente recuperação ou já recuperadas. leio dezenas deles..são tão inspiradores..especialmente porque esta doença deixa tantas marcas e tem tantas armadilhas que às vezes quando dava por mim a "comer saudável só porque sim" me esquecia que a minha mente conseguia num abrir e fechar de olhos passar de comer saudável para deixar de comer simplesmente..porque quando começo já não consigo parar. Estes blogs são tão bons, tão bons, tão bons..são literalmente o meu "porto de abrigo" quando me sinto a recair porque vou lá, vejo tanta gente na mesma situação que eu que consegue, que luta, que enfrenta a doença que acabo de ler e me sinto cheia de confiança. É bom saber que não sou a única a passar por isto..e isso ajudou.me.

De resto, é mesmo passar uma mensagem de esperança a todas..eu batalhei-me diarimante durante cinco anos com a questão "eu já sou infeliz, se engordar só vou ficar mais infeliz"..e mal eu sabia o quanto eu estava errada..É possivel vencer a anorexia, é possivel e é tao bom.

Todas as pessoas que eu achava que olhavam para mim antes e me achavam gorda, e não se davam comigo porque eu era feia, ou eu era parva, ou eu era chata, hoje, veêm-me e contam-me o medo que tinham de se aproximar de mim "por terem medo que eu morresse". A minha vida mudou tanto..não há nada que me possa vencer enquanto eu não deixar.


A ana não existe, os males de que fogem estão em vocês. Os problemas existem sim. Para serem resolvidos de frente. Não para serem mortos à fome.
imagem flickr cc (aqui)




...programa "Nós vencedores, Venci a Anorexia" Antena 1

A I. é uma vencedora. Podem ouvir a entrevista  à Antena 1 no programa 
"Nós Vencedores - venci a anorexia " o link é este aqui.

Imagem flickr cc (aqui)