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Aug 15, 2010

..."excelente desempenho" (apesar de muito doente)


Transcrevo do blogue ED Bites um extracto de um post recente baseado na experiência desta investigadora que é também uma doente em recuperação. Aborda a questão da 'funcionalidade' dos doentes com anorexia, ou seja, apesar de estarem muito doentes, alguns desenvolvem diversas actividades (académicas ou profissionais) com níveis de performance excelentes, ou seja, aparentemente está 'tudo normal' uma aparência bem diversa da que frequentemente se associa a esta e outra doenças mentais.  Nas palavras de Carrie (tradução livre do inglês da autora de esqueciaana)

«Já me referi a mim própria como 'uma anorectica com elevado desempenho' porque, de facto apesar da minha doença do comportamento alimentar eu tive a maior parte das vezes  um desempenho muito bom. Terminei uma licenciatura, completei mestrados, fui de facto geralmente 'funcional'. Com excepção de de um tratamento de sete meses e várias breves e graves hospitalizações, nos últimos oito anos vivi como uma pessoa "normal".
Estão a ver? afinal o meu distúrbio alimentar não é assim tão grave!
O problema não foi apenas que impus essa ideia falsa aos meus amigos, família e terapeuta ( Estou bem! Não estou doente!) , eu também comecei a acreditar na minha própria mentira. E, se não estava doente, porque teria que me preocupar em melhorar?  Tinha um emprego a tempo inteiro, estava a estudar, estava bem,  RAIOS!
O problema é que 'o bom desempenho' é um pouco um mito. O nosso desempenho nem sempre é uma medida da severidade da doença, por vezes é a medida da forma como se esconde como as coisas estão realmente mal. O meu coração estava afectado, a minha digestão era inexistente, o meu corpo estava fraco, e sim eu continuava a manter a minha média de A [nota máxima]no college.  Vários professores não perceberam porque abandonei os estudos 'estando a ir tão bem!'
Muitas vezes, quando o distúrbio alimentar, a ansiedade e a depressão se tornavam visíveis, não era porque eu tinha piorado. Pelo contrário, as coisas começavam a apresentar-se piores porque perdia a minha capacidade de compensar/encobrir a minha doença.  Construi cuidadosamente a minha vida em torno da minha desordem alimentar de forma a poder protestar com um olhar inocente e dizer que estava tudo bem quando me perguntavem. Sim, eu não tinha vida para além do meu trabalho, do ginásio e dos contadores de calorias, mas eu ia trabalhar todos os dias. Ninguém sabia o meu pequeno e ruim segredo que fechei a sete chaves algures, ninguém sabia que eu caminhava perigosamente para a morte"
(ler o texto original aqui, blogue ED-Bites)
Fotografia flickr cc aqui

1 comment:

Anonymous said...

é incrivel encontrar a minha história na vida de outro alguém...ainda assim o pensamento é sempre "ah...mas a minha não é assim tão grave.." será que ela tb não o teria dito no meu lugar?
O trabalho é uma muleta, uma desculpa e uma ilusão ( se trabalho é porque estou apta, não posso estar assim tão mal)... Mas esta semana a médica assustava-me com a minha falta de noção dos limites do meu corpo: "não controla como pensa!"... Mas eu fui fazendo tudo sempre, tudo foi levado ao limite, sem atrasos, sem reclamações - com elogios até - olho para o corpo: a temsão 8/5, as pulsações baixas, os olhos a quererem fechar-se, o imc 14. O trabalho corre bem. A equipa contente, o chefe recebe mais um guão meu e aplaude a criatividade. A equipa toda em roda viva à minha volta e eu a responder a mil e uma perguntas. O tempo do dia não chega, falho as horas certas para dormir... tento cumprir amanhã.
T