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Jul 23, 2010

..."a minha menina vai vencer esta terrível luta"


A anorexia faz sofrer muito todos os que convivem com o doente. Os pais sofrem pela dor dos filhos e pela relativa impotência numa luta injusta em que o doente muitas vezes parece estar a favor da doença e não luta contra ela. O testemunho abaixo transcrito é de uma mãe que tem neste momento a filha internada em luta contra a doença. Para ambas a nossa maior solidariedade.  


"A luta

enviado para AFAAB em 2010-07-12 por Mãe (*)


Apesar de por várias vezes já me terem falado da Vossa Associação só há bem pouco tempo tive coragem para consultar o site.
Fiquei deveras impressionada com o testemunho intitulado "PARTILHA DE DOR" (**). Aconselhava todos os familiares e amigos de pessoas que sofrem de doenças do comportamento alimentar a ler e divulgar se possível. Nem que seja para evitar o sofrimento de uma só familia valerá a pena, pois só quem têm a infelicidade de atravessar por este terrível deserto têm consciência do abismo em que mergulham as nossas vidas quando nos deparámos com este mal.
A minha filha já sofre de anorexia e bulimia há mais de 4 Anos, tenho lido muito, pesquisado imenso, mas nunca até hoje tinha encontrado um testemunho que descrevesse tão minuciosamente e intensamente o que pode representar o sofrimento de um(a) adolescente anoréctico(a), tal como o de uma mãe que acompanha com desepero esta terrível luta.
Identifico-me completamente com as palavras da mãe da Inês, excepto na última meia página, pois eu ainda tenho a sorte de ter a minha filha com vida. Confesso que sou assaltada na maior parte das vezes por uma terrível angústia, desconfiança e medo, mas tenho que continuar a acreditar que a minha menina vai vencer esta terrível luta contra essa intrusa que é a anorexia.
Neste momento está internada e quero ter fé, provavelmente estou a viver um dos piores momentos da doença: o afastamento. Essas são as regras do internamento, clausura total, sem visitas, telefonemas e qualquer contacto com o mundo exterior, mas se é para ela curar essa maldita doença valerá a pena. O pior é quando sou assaltada pelas outras hipóteses, que não se vai recuperar e que pode morrer. Pensar nisso impede-nos deveras de viver, ou melhor sobreviver, porque como diz o testemunho já entes referido quando o diagnóstico é anorexia existe uma vida "antes" e outra "depois".
Tenho receio de não voltar a ter a minha menina de volta, tenho medo por ela e por mim também, pois sem ela não sei como viver.
Leiam e divulguem por favor, demora 10 minutos e pode salvar familias desta trágica maldição que é a anorexia.
A todas as mães que estão a passar por fases tão dificeis como a que eu estou a viver, desejo toda a força e coragem, porque é deveras muito dificil para quem ama as suas filhas do mais profundo das suas entranhas conseguir ultrapassar de uma forma completamente ilesa esta terrível dor.
Muito obrigada, e espero do mais profundo do meu ser poder escrever aqui uma mensagem de esperança o dia que a minha filha esteja recuperada. "


(*) com permissão da autora "Não há qualquer problema para divulgar o meu post, pois sou da opinião que mais informação seja transmitida sobre esta maldita doença, mais casos se poderão evitar e portanto podemos eventualmente ajudar nem que seja uma única familia a não atravessar este inferno que é a ANOREXIA.Aguardo desesperadamente os resultados do internamento da minha filha e espero que um dia todas "nós" juntas possamos fazer algo para ajudar o próximo."

(**) A autora desse testemunho (Ana Granja) publicou um livro (Sem ti Inês) a que fazemos referência aqui e aqui.

1 comment:

Dark AM said...

Sei bem o que isso é. Também fui internada duas vezes por anorexia nas mesmas condições. Quando a minha mãe ía lá entregar roupa, obrigavam-na a dar grande volta para não passar pelas janelas em que eu a não pudesse ver. Lembro-me de uma vez ela não fazer isso, passar perto das janelas. Viu-me e soltou um grito e começou a chorar. Nunca me esquecerei desse momento. Há muito sofrimento, quer para a família, quer para a doente que se vê privada de qualquer contacto com o exterior. Cheguei a estar 2 meses sem ouvir a voz dos meus pais. É duro, mas talvez seja o melhor método.Penso que seja para o doente não se acomodar à situação. Se eu recebesse visitas, tinha quase a certeza que não começava a alimentar-me. Lá dentro temos que entrar numa guerra com as nossas emoções, enfrentá-las, coisa que evitamos durante todo o processo de doença. Se é duro, é. Se é doloroso, também é. Mas vale a pena.
A maior força para essa mãe. Ela não está sozinha nesse sofrimento, a sua filha também está. Espero que ela recupere logo.

Ex ana, parabéns. Continua o excelente trabalho que tens feito até agora

Bom fim de semana